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O que é música?



Vivemos rodeados de música. Ouvimos música em CDs, DVDs, smartphones, streamings; nas propagandas de rádio e TV; nas novelas; nos filmes; nas lojas e supermercados; em carros de propaganda; no horário político da TV, enfim, em todos os ambientes e em uma infinidade de situações cotidianas. No entanto, se alguém nos perguntar: “o que é música?”, teremos uma enorme dificuldade para responder a esta pergunta.

Os mais importantes dicionários brasileiros dizem que música é uma “combinação harmoniosa e expressiva de sons” ou que é a “arte e ciência de combinar os sons de modo agradável ao ouvido”. As duas definições são muito semelhantes.

Convenhamos, certamente não existe uma composição que soe harmoniosa e agradável a todos os habitantes da terra. Sabemos que cada pessoa gosta de um determinado tipo de musica. E mais: será que a vovó considera as gravações do Sepultura agradáveis ao seu ouvido? Outra coisa: os compositores não organizam somente sons e, sim, sons e silêncios.

O compositor estadunidense John Cage criou a composição Tacet 4’33’’, que consiste nos quatro minutos e trinta e três segundos em que um pianista se prepara para tocar o piano e não o toca. Portanto, Cage não combinou nem organizou sons. Há o caso pitoresco em que o compositor jogou um piano do alto de um edifício para gravar o ruído de seu som ao espatifar-se no chão. Por esses e por dezenas de outros motivos temos dificuldade para definir esta modalidade artística que está presente em quase tudo o que fazemos na vida.

A definição de música que mais me agrada é a do compositor canadense Murray Schafer, que diz o seguinte: “Música é uma organização de sons com a intenção de ser ouvida”. Portanto, se um músico organiza determinados tipos de som (melodias, ruídos eletrônicos, barulhos de objetos utilitários etc.) e tem a intenção de que o público ouça aquela organização, ele está fazendo música. Você pode estar se perguntando: “eu acabei de ler que os compositores organizam sons e silêncios e onde está o silêncio na última definição apresentada?”

Schafer a criou para um público específico, ou seja, músicos e professores de música, portanto, embora não haja a palavra silêncio na sua definição, sabemos que ele, implicitamente, quis dizer que música é uma organização de sons e silêncios com a intenção de ser ouvida.

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